Cadeira

Prepara pires que esperam chávenas de café, que esperam no calor da maquina (em tempos Cimbali) pelo pedido do cliente.E envolta neste seu pensamento vê chegar a cadeira, pela primeira vez, vê chegar a cadeira e tal como todas as outras pessoas do mundo, viu o que todas as outras pessoas do mundo vêem- uma cadeira de rodas!
Esta trazia ao colo um homem e nas costas empurrando calmamente e longe de trazer um fardo vinha o rapaz.
Empurrava a cadeira como se empurra um carrinho de bebé, com a mesma paz e o mesmo carinho! Não tinha pressa, nem estava ocupado, apenas empurrava a cadeira!
Queriam café e um cinzeiro,e, queriam falar e dar beijos na testa e nas mãos,e, queriam estar juntos. Pai e filho queriam estar juntos, aproveitar o tempo que adivinhavam curto, para os muitos abraços que ainda queriam receber.
A rapariga voltou aos pires com um novo pensamento, com a alma mais aberta e o olhar mais perdido.
De vez em quando voltavam, sem dia nem hora marcada, apenas voltavam. Nuns dias a rapariga arrumava os pratos, noutros dançava pela sala enquanto servia águas e cafés e chocolates quentes.
Um dia ele disse:
- Somos amigos!
-Amigos?
-Sim somos amigos
-De que tipo?
-Daqueles dos abraços
-como te chamas
-Flecha
-Pois é somos amigos!
-De que tipo?
-daqueles que ficam cheios de alegria por se verem, mesmo sem se lembrarem que são amigos!
-Pois é
-Voltas?
-Volto!
-Ainda bem que vieste
-Ainda bem!
E deram um beijo, porque os amigos dos abraços também dão beijos e a rapariga voltou para os pires do café, cada vez mais feliz por existirem pires , que esperam a chávena, que espera o café, que espera os amigos dos abraços!
3 Comentários:
Adorei o teu texto.
Obrigada pelo comment no meu "cantinho"/"casulo".
Quanto à rapariga dos pires que espera abraços e beijos, é apenas um reflexo de todas as raparigas e rapazes, homens e mulheres que, desencontrados das próprias vidas, assombrados por uma rotina e gestos automáticos, aguardam aquele estímulo, aquele raio, aquela flecha que, sem ser de um cupido, quebre a ordem e se transforme em alegria.
também eu, enquanto escrevo letras e frases, palavras e parágrafos, aguardo respostas como se de beijos e abraços se tratassem.
por isso retribuo
um beijo para ti
*s
pois é... flecha :)
os teus textos são como pequenos copos de água que bebo rapidamente para me matarem uma sede muito específica!
beijos com pires e chávenas a voar pelo ar!
Às vezes sinto muita falta de mais pires, mais chávenas, mais cafés e especialmente mais abraços dos amigos.
Porque o tempo não chega para todos os abraços que desejo.
Obrigada pela visita ao meu canto.
Vou voltar ao teu!!
P.S. E sim, é mto bom quando arrepia! =)
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